sexta-feira

Tempo para viver

Ofereceram-me um pergaminho com um texto inspirado no livro bíblico de Coelet (3, 1-8). Diz assim:

“Tira tempo para refletir; é a fonte da vida.

Tira tempo para brincar; é o segredo da perene juventude.

Tira tempo para ler; é o fruto da sabedoria.

Tira tempo para orar; é a força mais poderosa aqui na terra.

Tira tempo para amar e ser amado; é um privilégio concedido por Deus.

Tira tempo para ser amigo; é o caminho da felicidade.

Tira tempo para rir; é a música da alma”.

Preciso de tudo isto como de pão para a boca. O meu pai ensinou-me a trabalhar “como um moiro” ou “um galego” e, se me via de costas ao alto, chamava-me “lorde”. Era a ideia que ele tinha dos “lordes” ingleses.

Sem culpa do meu querido pai, agora vejo-me na situação dum colega que anda sempre a espumar como cavalo de corrida. Quando lhe dizem: “Para o motor e senta-te aqui um bocado”, ele responde invariavelmente: “Não posso”. Sei por experiência própria que ele não pode mesmo. Não consegue.

Falta-nos recuperar o “sentido humano” do trabalho, como queria Paulo VI. Por vezes trabalhamos desumanamente. Como máquinas. Ou como azémolas presas à nora.

- Mestre, para atingir a santidade, que caminho devo seguir? O da contemplação ou o da ação?

- Perguntava um discípulo ao seu guru.

- O da ação - foi a resposta. O da tua ação ordinária.

E o homem atirou-se ao trabalho, enquanto o mestre o observava divertido.

- Porque motivo se está a rir? Não me disse que me dedicasse à ação?

É que eu não vejo ação nenhuma. Vejo apenas movimento.

Razão tinha o tal Coelet, o “pregador”. A única coisa importante na vida, consiste em “alegrar-se e fazer o bem”.


Abílio Pina Ribeiro

Publicado no «Mensageiro de Santo António», mas foi-me enviado por e-mail e porque dá para parar e pensar, merece ser publicado também aqui.

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