Recordemos o olhar de Jesus em Lucas 22, 61-62...
Eu tinha um relacionamento bastante bom com o Senhor. Conversava
com Ele, pedia-Lhe coisas, louvava-O, agradecia-Lhe. Mas tinha sempre um
sentimento ou sensação inesquecível de que Ele queria que eu olhasse bem no
fundo dos Seus olhos... E isto eu não queria. Conversava muito, mas desviava os
olhos, cada vez que percebia que Ele estava a olhar para mim. Sim, olhava
sempre para outro lado. E eu sabia porquê! Tinha medo. Receava encontrar uma
acusação nos olhos d´Ele: algum pecado não arrependido. Mas pensava também
poder encontrar, naquele olhar, algum pedido: algo que Ele quisesse de mim. Um
dia, finalmente, juntei toda a minha coragem e olhei! Não havia acusação
alguma. Nem exigência ou pedido. Aqueles olhos diziam-me, simplesmente: «Eu
amo-te!». Nessa altura eu olhei-os ainda mais no fundo com a persistência de
quem procura algo. Nada encontrei, apenas a mensagem de sempre: «Eu amo-te!».
Como Pedro, também eu saí... e chorei.
O canto do pássaro; de Anthony de Mello