domingo

O que falta...


“O que falta, se é que falta, não é escrever ou falar,
porque normalmente é o que sobra,
mas sim o calar e agir.
Pois o falar distrai, enquanto que o calar e o agir
recolhe e fortalece o espírito.
A partir do momento em que a pessoa sabe
o que lhe aconselharam para seu proveito,
já não precisa de ouvir nem falar mais,
mas apenas pô-lo verdadeiramente em prática,
com diligência e silêncio…
e não começar imediatamente à procura de coisas novas,
que só servem para satisfazer exteriormente o apetite,
se é que o satisfazem, e deixar o espírito fraco
e sem qualquer virtude interior”.

S. João da Cruz, Carta 8

quinta-feira

Quero ser lago...e não copo!


«O velho Mestre pediu a um jovem triste que colocasse uma mão cheia de sal em um copo d’água e bebesse.
- Qual é o gosto? – perguntou o Mestre.
- Mau – disse o aprendiz.
O Mestre sorriu e pediu ao jovem que tomasse outra mão cheia de sal e a levasse a um lago. Os dois caminharam em silêncio e o jovem atirou o sal ao lago. Então, o velho disse:
- Beba um pouco dessa água.
Enquanto a água escorria do... queixo do jovem, o Mestre perguntou:
- Qual é o gosto?
- Bom! – disse o rapaz.
- Você sente o gosto do sal? – perguntou o Mestre.
- Não! – disse o jovem.
O Mestre então sentou-se ao lado do jovem, pegou na sua mão e disse:
- A dor na vida de uma pessoa é inevitável. Mas o sabor da dor depende de onde a colocamos. Então, quando você sofrer, a única coisa que você deve fazer é aumentar a percepção das coisas boas que você tem na vida. Deixe de ser um copo. Torne-se um lago.»
(Autoria desconhecida)

III Domingo da Quaresma

segunda-feira

Da Quaresma à Páscoa


Multiplicar a generosidade e a solidariedade

Se queremos ser nómadas de Deus, se queremos viver Dele, temos de criar uma liberdade muito grande face às coisas. A verdade é que elas nos... aprisionam.
O que possuímos rapidamente nos possui a nós. Para o cristão um estilo de vida frugal testemunha melhor do que mil palavras a Fé em Deus. Estamos mergulhados num tempo em que tudo nos empurra para a competição... onde o desnecessário é-nos impingido pela publicidade como absolutamente necessário à nossa felicidade.
O Evangelho ensina-nos não a amontoar, mas a multiplicar. Jesus revela-nos as possibilidades de vida que um único pão esconde. Com um só pão podemos fazer muita coisa, se aprendermos a arte de multiplicar a vida. Multiplicar a generosidade, a solidariedade, a ternura, a capacidade de sofrer com os outros e de se pôr no seu lugar...
Alimentamo-nos uns dos outros. Somos uns para os outros, na escuta e na palavra, no silêncio e no riso, no dom e no afecto, um alimento necessário, pois é de vida (e de vida partilhada) que as nossas vidas se alimentam.

P. José Tolentino Mendonça